Foto: Lucas Amorelli (Diário)
A obra concluída a um custo de R$ 70 milhões segue sem previsão de abrir as portas
O prédio está pronto; as ruas, asfaltadas; o mato já toma conta, e os pacientes esperam em um tempo que não têm. Esse é o cenário atual do Hospital Regional de Santa Maria. Uma das discussões, se não a principal, é quem vai fazer a gestão do complexo que fica na Rua Florianópolis, no Bairro Pinheiro Machado. A obra foi entregue em setembro de 2016 e, até agora, o governo estadual não definiu quem irá administrar o hospital. Em dezembro do ano passado, o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, garantiu que uma instituição privada sem fins lucrativos era a aposta da Estado, porém, não divulgou nomes.
Na última quarta-feira, a assessoria de comunicação do Hospital São Lucas, da Universidade Católica de Porto Alegre (PUC-RS), informou por e-mail que não tem mais interesse, e que o estudo de viabilidade do Hospital Regional não se alinhou com a estratégia da organização. Sobre a resposta, o chefe do Executivo da cidade, Jorge Pozzobom disse que não ficou surpreso com a informação, e também não deu detalhes sobre outras instituições interessadas.
- Faz, no mínimo, dois meses que eu sabia que a PUC tinha desistido. O que está em análise é uma consulta jurídica que está tramitando na Procuradoria Geral do Estado, e eu fui dar minha contribuição junto com a Procuradora Geral do município. Eu duvido que tenha alguém mais indignado que eu pelo fato de o hospital estar fechado, mas eu estou transformando a minha indignação em vontade e, por isso, que estou brigando muito no silêncio. Estou cobrando constantemente e estou, todos os dias, trabalhando, porque sempre fui a favor do hospital - salientou o prefeito.
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A assessoria de comunicação Procuradoria Geral do Estado (PGE) afirmou, novamente, que a Secretaria de Saúde fez a consulta sobre a possibilidade de o Estado ceder a administração do hospital, que é público, para a iniciativa privada, e que ainda está em análise e não tem prazo para uma resposta pela PGE. A Secretaria Estadual de Saúde comentou, por e-mail, que está aguardando o parecer.
Em uma reunião promovida pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, no fim do mês de novembro, o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) cobrou do secretário adjunto de Saúde do Estado, Francisco Paz, a abertura do hospital. Sobre a gestão, o parlamentar não esconde a insatisfação.
- Isso é mais uma etapa de enrolação do governo do Estado. O governo não está tendo capacidade, condições ou dando prioridade para a questão do Regional. O próprio Ministro da Saúde disse que não está sendo procurado pela Secretaria Estadual de Saúde, ou seja, há uma falta de interesse e e de atitude. É mais um retrocesso, um período de tempo perdido, e mais um período em que, certamente, a obra que lá está será ainda mais degradada por incompetência do governo - reforça o deputado.
A reportagem procurou algumas instituições e, entre as que responderam os questionamentos neste momento, a assessoria de imprensa do Hospital Mãe de Deus afirmou que não há negociação sobre o tema agora. O Centro Universitário Franciscano (Unifra), de Santa Maria, afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que a instituição foi procurada pela Secretaria do Estado para elaborar o estudo de viabilidade em 2016, porém, a tratativa não evoluiu por falta de clareza. Além disso, considerada a incerteza política e econômica do Estado e também do Ministério da Saúde, a Unifra não tem mais interesse em fazer a gestão do hospital.
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) informou que só iria voltar a negociar neste ano ou em 2019.
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TUDO PARADO
A obra concluída a um custo de R$ 70 milhões segue sem previsão de abrir as portas. O Plano Operativo elaborado por técnicos do grupo Sírio Libanês, de São Paulo, ficou pronto em julho e traz avaliações técnicas sobre a estrutura física, a viabilidade econômica e financeira do hospital, aponta as despesas necessárias com equipamento e mobiliário e também faz uma análise do modelo assistencial.
Ainda no fim de novembro, o secretário adjunto de Saúde do Estado, Francisco Paz, afirmou que a obra do Hospital Regional foi entregue "inconclusa e com problemas". Enquanto o hospital não funciona, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) é a única porta de entrada para pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de 45 municípios das regiões Central e Fronteira-Oeste.